Uma definição

"O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho." (Orson Welles)

segunda-feira, 7 de março de 2016

Spotlight: verdades reveladas


A questão aqui não é discutir se o filme foi merecedor de um Oscar na categoria Melhor Filme. A questão é pôr em evidência um tema polêmico, delicado e sobre o qual muitos preferem não falar. O assunto tratado no filme não é novidade, embora a abordagem sobre um tema recorrente em outros filmes seja nova. Pedofilia na Igreja Católica e tudo aquilo que decorre do crime (traumas, famílias perplexas, indignação, impunidade etc) ainda são jogados para debaixo do tapete e, embora façam justiça a algumas vítimas, é indiscutível que o fato é muito maior que aqueles identificados e punidos (ou supostamente punidos). É sobre essas questões que o diretor Tom McCarthy se debruça em Spotlight de maneira corajosa, sensata e comovente.
Um grupo de jornalistas vão identificando, um após o outro, casos de abuso sexual praticado por padres contra crianças na cidade de Boston. Todos esses casos, vale salientar, eram de conhecimento do bispo local que não aplicou nenhuma pena severa aos religiosos que foram apenas removidos para outras paróquias. A coleta de depoimentos dados por aqueles que foram violados aumenta ainda mais a dramaticidade da narrativa cinematográfica que tem seu desfecho com a publicação em jornal impresso de todos os casos de pedofilia e conivência da alta cúpula da igreja.
O filme lembra mais um documentário, cujas cenas são intercaladas por jornalistas desesperados em conseguir provas documentais que estão sob sigilo porque assim a igreja determinou. De um lado, a imprensa ávida por um furo jornalístico, mas que não se restringe a isso, posto que alguns jornalistas sentem a dor dos violados, seus dramas, sua bagagem emocional obscurecida. Do outro lado, a negligência de uma igreja que, para se manter de pé e inabalável, recorre a mais vil atitude que é estar de acordo com a violação e silenciar tudo e todos que, porventura, viessem abalar os pilares da sua verdade, tradição e código moral.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

O Regresso (The Revenant)

O Regresso é dirigido por Alejandro González Iñárritu, diretor mexicano que também dirigiu o longa Birdman. Baseado no livro de  Michael Punke, o filme tem como protagonista o ator Leonardo DiCaprio. Indicado a vários oscars, entre eles, melhor diretor e ator, O Regresso conta a história de Hugh Glass. Nascido na Pensilvânia, Glass torna-se um explorador no Upper Missouri River. Abandonado por seus companheiros após ter sido atacado por um urso, Glass sobrevive e volta para vingar a morte do filho. Imagens panorâmicas, uso da técnica do plano-sequência e fotografia dão ao filme uma grandiosidade diferenciada daquela vista nos últimos filmes produzidos por Hollywood, como Avatar, p.ex.

sábado, 21 de novembro de 2015

Morango e Chocolate


É a história do relacionamento entre Diego (Jorge Perugorría) um homossexual culto e David (Vladimir Cruz), um jovem homofóbico e ingênuo. Infeliz após romper com sua namorada, a princípio David despreza as investidas de Diego;entretanto, por sugestão de seu companheiro de quarto, ele começa a aceitar a presença de Diego cujos caminhos culturais fascinam o jovem e uma verdadeira grande amizade surge entre os dois. Adicione a esse quadro a indiferença e a loucura de Nancy (Mira Ibarra), a vizinha que constantemente tenta o suicídio e que funciona como uma fonte romântica para David. Um filme sobre uma grande e verdadeira amizade, isto é, um grande amor entre dois homens que superam a incompreensão e a intolerância. Dirigido por Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tambio.
(Sinopse da quarta capa do filme)

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Um Estranho no Ninho - com Jack Nicholson



Mais um para a sessão "filmes que não sei porque não vi antes", "Um Estranho no Ninho" é, com certeza, um clássico, uma obra fantástica, atemporal, que sobreviveu durante todos esses anos e tem potencial para se manter na memória daqueles que assistem. Venceu o Oscar por Melhor Filme, Diretor, Ator, Atriz e Roteiro Adaptado. 
por Fernando Labanca
"Baseado no livro de Ken Kesey e produzido pelo ator Michael Douglas, o longa nos apresenta Randle McMurphy (Jack Nicholson), um cara preguiçoso e que devido a alguns surtos de agressão, é retirado da prisão, da qual já havia passado várias outras vezes, para ser tratado e observado em um sanatório. Ciente de que não possui problemas mentais, McMurphy passa a usar o local para desfrutar de sua liberdade, ser o louco que eles procuram, além de incentivar e persuadir seus colegas internos a ir contra à ordem vigente, questionar os medicamentos e a rotina que levam ali dentro. No entanto, seus atos revolucionários se chocam com o pensamento conservador da enfermeira Mildred Ratched (Louise Fletcher), que não pretende facilitar a jornada de McMurphy no local."
 
"- Diga, acha que há algo errado com a sua cabeça?"
" - Nada. Sou uma maravilha da ciência moderna."
 

sexta-feira, 10 de julho de 2015

O Poderoso Chefão (parte 1)

Copola surpreende em qualquer etapa do seu trabalho cinematográfico. Escreve muito mais com imagens que nos deixam absortos diante da tela que com palavras. A imagem em seus filmes se sobrepõe à palavra por que há limites para a significação do verbo, enquanto que a imagem dança uma ciranda que não conhece margens e, quando esbarra em alguma, a transpõe e continua seu movimento significativo em outro lugar.
O Poderoso Chefão é muito mais que uma luta por interesses que põem em jogo os conceitos de justiça, honra, respeito, poder. É, antes de tudo, uma metáfora das discrepâncias entre quem manda e quem é mandado, da ascensão e da queda tanto no plano físico, como metafísico. Limitá-lo a uma intriga entre famílias (leia-se gângsteres) rivais é esvaziá-lo de outros significados que estão relacionados a um estado primevo do ser humano: a necessidade de dominar os seus pares. Ao que parece, todos os personagens, até aqueles que são tidos como mocinhos/mocinhas obedecem a essa ordem do funcionamento humano que se articula a uma espécie de inconsciente coletivo ou arquétipo compartilhado entre os personagens. Sob o pretexto de salvaguardar a vida, os bens e os elementos espirituais das famílias, os personagens mentem, traem, dissimulam, entram em estados psíquicos alterados, interpretam, jogam, escamoteiam.
No início do filme, a festa de casamento serve de alegoria que aponta para a disseminação do poder na sociedade e como esse poder se articula com outros micropoderes e constrói um cenário no qual todos estão implicados nessa música de consequências trágicas para os ouvidos daqueles que são convidado a ouvi-la. O fim da música significa o fim de uma vida que dá a impressão àquele que dizima seus adversários a enganosa certeza de que um grupo imporá um modo de ser e estar no mundo, mesmo que seja o microcosmo da máfia italiana.
Os conflitos são revestidos de uma áurea de fino trato, eloquência tendenciosa e concessões aparentes que até chegamos a acreditar que a paz é possível e o apagamento das relações de poder obscurecidas; quando não, apagadas. Ledo engano. No jogo de poder instaurado no mundo paralelo do crime organizado, o poder é o único a permanecer vivo, enquanto muitos deslizam e caem na vala daqueles que serão emudecidos e estão privados de contar a história na qual os fracos sucumbem.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Jauja



Um homem e sua filha embarcam numa viagem que tem como destino um deserto localizado no fim do mundo. Esta é uma empreitada na qual muitos já se aventuraram, mas poucos conseguiram concluir com sucesso.
(Extraído de Adoro Cinema)

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Lawrence da Arábia

Em 1935, quando pilotava sua motocicleta, T.E.Lawrence (Peter O'Toole) morre em um acidente e, em seu funeral, é lembrado de várias formas. Deste momento em diante, em flashback, conhecemos a história de um tenente do Exército Inglês no Norte da África, que durante a 1ª Guerra Mundial, insatisfeito em colorir mapas, aceita uma missão como observador na atual Arábia Saudita e acaba colaborando de forma decisiva para a união das tribos árabes contra os turcos.(Extraído do Adoro Cinema)